Brasil: Jair Bolsonaro diz que Forças Armadas decidem "democracia ou ditadura"
- Adeildo Velôso da Silva
- 18 de jan. de 2021
- 3 min de leitura
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou hoje que quem garante democracia ou ditadura num país são as Forças Armadas e ironizou com o envio de oxigénio da Venezuela para Manaus, num momento de colapso dos hospitais locais.

O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta segunda-feira que quem decide se um povo vive sob uma democracia ou uma ditadura são as Forças Armadas do país. Ele disse que o Brasil ainda tem liberdade, mas que "tudo pode mudar" se a população não reconhecer o valor dos militares. As declarações foram feitas em conversas com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, nesta manhã.
Bolsonaro, capitão da reserva e admirador da ditadura que governou o país entre 1964 e 1985, criticou os seus antecessores no Governo por terem negligenciado as Forças Armadas, num momento em que o país está focado no início da vacinação contra a covid-19 e o agravamento da segunda vaga da pandemia.
"Porque é que as Forças Armadas foram 'sucateadas' [deixar que algo se degrade] ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo", disse Bolsonaro, após rezar com os seus apoiantes, que costumam esperar todos os dias pela saída do chefe de Estado da residência presidencial.
"No Brasil ainda temos liberdade. Se nós não reconhecermos o valor desses homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar. Imaginem Haddad [ex-candidato presidencial pelo Partido dos Trabalhadores] no meu lugar, como ficariam as Forças Armadas?", questionou Bolsonaro sobre o seu rival político de esquerda no sufrágio de 2018.
Bolsonaro pronunciou-se sobre as Forças Armadas ao comentar o envio de oxigénio por parte da Venezuela para o estado do Amazonas, que enfrenta um colapso de seus sistemas de saúde e funerário devido à covid-19, que já soma quase 210 mil no país e 8,5 milhões de casos de infeção.
"Agora fala-se que a Venezuela está a fornecer oxigénio para Manaus. É por causa da White Martins, que é uma multinacional que está lá também. Agora, se Maduro nos quiser fornecer oxigénio, vamos receber, sem problema nenhum", garantiu Bolsonaro, provocando posteriormente o seu homólogo venezuelano pelas ajudas sociais.
Agora, ele poderia dar auxílio emergencial para o seu povo também, né? O salário mínimo lá não compra meio quilo de arroz. Não tem mais cachorro lá, por que será? Alguma peste? Comeram os cachorros todos. Comeram os gastos todos. E vem uns idiotas, eu vejo aí, elogiando 'olha o Maduro, que coração grande ele tem'. Realmente, daquele tamanho, 200 quilos, dois metros de altura, o coração dele deve ser muito grande. Nada mais além disso — afirmou, arrancando risadas de simpatizantes.
O presidente ponderou em seguida que "o pessoal parece que não enxerga o que o povo passa, para onde querem levar o Brasil", apontando o socialismo como objetivo de seus opositores, apesar de a implantação do sistema de governo não constar dos programas da grande maioria dos partidos de esquerda do país.
"Vejo uns idiotas aí, elogiando: 'Ah, olha o Maduro, que coração grande ele tem'. Realmente, um homem daquele tamanho, com 200 quilos e dois metros de altura, o coração dele deve ser muito grande, nada além disso", acrescentou o Presidente brasileiro.
Os 107 mil metros cúbicos de oxigénio enviados pela Venezuela aos hospitais do Amazonas cruzaram a fronteira no domingo e devem chegar a Manaus, capital estadual, na noite de hoje.
O recrudescimento da pandemia no Amazonas, estado quase totalmente coberto pela floresta da Amazónia, agravou a situação dentro dos hospitais da região, que enfrentam graves problemas de abastecimento de oxigénio para tratar pacientes com covid-19.
O caos vivido na capital amazonense e as cenas de correrias em hospitais, médicos desesperados e exaustos, cemitérios lotados e familiares de pacientes implorando por oxigénio ou comprando no mercado negro, causaram comoção e intensa mobilização em todo o Brasil, com o Governo a colocar à disposição aeronaves militares para transporte de pacientes e de material hospitalar.
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