Como morar em Portugal
- Adeildo Velôso da Silva
- 8 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Relato da minha escolha de morar em Portugal.

Em Dezembro de 2017, numa confraternização em família, foi abordado o assunto de morar em Portugal, debatemos as diferenças entre os países, desde clima até economia, no primeiro momento minha esposa e eu não levamos a sério a mudança. Eu tinha um bom emprego, tinha um bom salário, então veio a pergunta para nós dois, vale a pena morar em Portugal? Largar tudo que temos no Brasil?
Foi aí que começou a busca de conhecimento pelo país, conversas com familiares que moravam aqui e quem já morou, o que mais me seduziu foi a segurança, custo e qualidade de vida e o ensino no país. Um mês após, resolvi que valia a pena tentar, senão ficaria na dúvida do que poderia ter acontecido se não viéssemos.
Decidimos que eu iria primeiro, e que minha esposa e minhas filhas ficariam no Brasil, na espera do meu relato e o que acharia do novo país
Em Abril de 2018 saí do meu emprego e viajei para Portugal sozinho, com várias dúvidas, mas com esperança. A viagem correu até certo ponto bem, só tive um pequeno problema na imigração da Espanha, onde seria a minha escala para Portugal, o motivo foi que esqueci de levar o comprovativo da passagem de volta fui levado para sala de verificação, devo ter ficado uns 10 minutos na sala, foi verificado a morada que iria ficar, a carta convite que apresentei, o quanto que tinha em dinheiro. Após esse processo fui liberado para prosseguir, faltava dez minutos para o meu voo, tive de sair correndo de uma ponta a outra do aeroporto de Madrid para não perder o voo, todo o esforço deu certo, fui o último a embarcar.
Chegando em Portugal, já tive o primeiro choque, a temperatura baixa, totalmente diferente do Brasil, mas já estava preparado para isso.
Primeiro mês fui conhecendo a cidade que moro, fui me informando sobre documentação para ter o título de residência, com muita ajuda dos familiares que tinha aqui.
Percebi que é mais difícil de conseguir emprego quem não tem a documentação.
Em Junho consegui um emprego parcial, na busca de um contrato de trabalho para obter a documentação, só fiquei um mês nele.
Nesse mesmo mês minha família veio do Brasil e assim estaríamos juntos novamente, foi a parte mais difícil nesse trajecto, ficar longe de quem amamos.
Em Agosto consegui um novo emprego, agora numa fábrica, por uma empresa terceirizada, com contrato até Dezembro de 2018, era pouco tempo, mas foi o suficiente para poder da entrada na minha documentação, nessa empresa fiquei quase dois anos, consegui reunir todos os documentos e dei entrada em Outubro no pedido, foram 3 meses de espera.
Na semana de natal o SEF (Serviços de Estrangeiros e Fronteiras), respondeu que foi aceito o pedido para iniciar a legalização. Começou a luta para conseguir agendamento em alguma delegação do SEF, consegui para Outubro de 2019, era a data mais próxima, devido a está congestionado o atendimento. Aí veio a persistência, minha esposa e eu, ficávamos a olhar o site de agendamento todos os dias, no mínimo umas dez vezes.
No fim de Janeiro de 2019, conseguimos achar uma vaga para semana seguinte, só que era distante, era na ilha dos Açores, não pensamos duas vezes e agendamos para lá.
Fui um dia antes para os Açores, para não da nada errado na viagem, voo foi turbulento e com mais de duas horas de atraso, devido a chuva.
Minha entrega de documentos foi tranquila, atendimento excelente, paguei a taxa do título de residência e as multas que tinha por ter excedido o tempo de turista.
Voltei feliz para casa, com a tranquilidade de está legalizado, ficando só na espera de chegar a documentação.
Depois troquei a carta de habilitação brasileira pela portuguesa.
Resumindo, com nove meses consegui me legalizar, uns dizem que tive sorte, só eu e minha família sabemos o quanto lutamos para conseguir.
Em Novembro de 2019, reagrupei minha esposa e minhas filhas, finalizando o processo de legalização da família.
Agora a pergunta é, valeu a pena fazer toda essa mudança?
“Com certeza sim, estou num país seguro, com ensino infantil excelente mesmo sendo público, qualidade de vida excelente, custo de vida baixo. Não digo que é fácil fazer essa troca de país, pois temos de nos acostumar com a cultura do país. Tem pontos negativos, por exemplo o salário aqui é baixo 635€, dependo de onde você mora os arrendamentos também são caros.”
Com essa pandemia o país tem no momento um número de desempregados recorde, mas desde o início da pandemia o governo tratou de dar alguns benefícios para as famílias, que teriam que ficar em casa, ficamos dois meses em que só abriu o que era necessário, por exemplo mercado, farmácia entre outros.
Muitos brasileiros foram embora, principalmente quem estava em situação irregular no país.
Agora esperamos que o país volte aos poucos o que era antes, com aberturas de empregos.
E vamos continuar as nossas vidas.
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