Bielorrússia: Mais um opositor detido
- Adeildo Velôso da Silva
- 10 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Maxim Znak, político e advogado bielorrusso, foi detido esta quarta-feira (09) de manhã por "homens encapuzados". A detenção aconteceu dois dias depois de outra líder da oposição, Maria Kolesnikova, ter sido detida e impedida de deixar o país.

"Maxime Znak era esperado no gabinete para participar numa videoconferência mas não apareceu. Só conseguiu enviar a mensagem: 'mascarados'", indicou o serviço de imprensa do grupo da oposição a que pertence através do sistema de mensagens eletrónico Telegram - mensagem que incluía também uma foto do advogado no momento da detenção por homens com passa-montanhas e um indivíduo vestido à civil.
Znak, de 39 anos, é um dos sete membros da liderança do “Conselho de Coordenação”, criado para preparar o caminho para uma transição política no país após a contestada reeleição no início de Agosto do presidente Alexander Lukashenko para um 6º mandato.
A polícia e os serviços secretos (KGB) não confirmaram a prisão de Znak, mas o roteiro corresponde ao ocorrido com outros adversários, que foram detidos por homens não identificados e dias depois apareceram como exilados ou presos.
Por temor de serem presos, os outros opositores do grupo buscaram refúgio em países vizinhos. A líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, está na Lituânia. Olga Kovalkova e Verónika Tsepkalo também deixaram o país.
A candidata e líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, exigiu, entretanto, a libertação imediata do advogado detido esta manhã.
"Exijo a libertação imediata de Maxim Znak que foi detido, ou mais precisamente sequestrado, hoje. Os métodos utilizados pelas chamadas autoridades são ultrajantes", afirmou num comunicado.
"É claro que Lukashenko tem medo das negociações e está a tentar, dessa forma, paralisar o trabalho do Conselho de Coordenação e intimidar os seus membros. Mas não há alternativa às negociações e Lukashenko terá de aceitar isso".
Na terça (08), o governo bielorrusso confirmou a prisão de Maria Kolésnikova, na fronteira com a Ucrânia. Autoridades ucranianas disseram que agentes bielorussos estavam tentando expulsá-la do país.
Os amigos que estavam com Kolésnikova no carro contaram que ela foi interrogada por 12 horas. Levada até a fronteira, ela viu o passaporte no banco da frente do carro, rasgou-o em pequenos pedaços e jogou pela janela do carro, mostrando que não queria deixar Belarus. Depois, ela caminhou de volta para o território de seu país, onde foi detida.
Foram várias as figuras da oposição que foram detidas nas últimas semanas. A escritora e jornalista Svetlana Alexievitch, Prémio Nobel da Literatura, também faz parte do organismo mas, de acordo com as últimas informações, não foi detida até ao momento.
O Conselho de Coordenação citou o advogado de Znak, Dmitry Laevsky, afirmando que o Comité de Investigação estatal abriu um processo criminal contra Maxim Zanc "por incitar ações destinadas a prejudicar a segurança nacional da República da Bielorrússia".
A detenção desta quarta-feira ainda não foi confirmadas pelas autoridades, mas se a polícia e os serviços especiais de segurança (KGB) não o fizerem, o cenário de desaparecimento de Znak corresponde ao que tem acontecido a outros membros da oposição que foram interpelados nas últimas semanas e dias por homens não identificados.
Apesar da repressão contra as manifestações e da pressão que está a ser exercida contra a oposição, a contestação continua mobilizada tendo-se realizado no domingo manifestações de protesto nas principais cidades do país.
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