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Brasil: Ex-ministro da Saúde diz que avisou Bolsonaro sobre 180 mil mortes

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou numa entrevista exibida na madrugada de hoje que alertou o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que se não fossem tomadas medidas duras o país teria 180 mil mortes provocadas pela Covid-19.

"Eu nunca falei em público que eu trabalhava com 180 mil óbitos se nós não interviéssemos, mas para ele [Bolsonaro] eu mostrei, entreguei por escrito, para que ele pudesse saber da responsabilidade dos caminhos que ele fosse optar", revelou Mandetta durante o "Conversa com Bial" na madrugada desta sexta-feira (25), na Rede Globo.

Segundo ele, Bolsonaro negou a gravidade da situação logo no início, chegando a ficar com raiva do Ministério da Saúde. "Foi realmente uma reação bem negacionista e bem raivosa. Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do 'carteiro', ficou com raiva do Ministério da Saúde.", relatou.

O antigo ministro lança hoje o livro "Um paciente chamado Brasil", no qual relata bastidores da crise que levou à sua saída do Governo, em Abril passado.

Na obra, o ex-ministro que é médico ortopedista e tem conhecimento em psiquiatria, recorre ao conceito psiquiátrico das fases do luto para explicar a reação de Bolsonaro na pandemia. O livro fala sobre a negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.

De acordo com Mandetta, após o presidente passar pela negação e pela ira, ele entrou na fase do apelo a algo sobrenatural. "Ele se apegou àquela cantilena de pessoas que vão ao seu redor e começam a falar o que ele queria escutar", disse ele no programa.

"Me lembro de uma pessoa da saúde pública, um ex-parlamentar, que falava que só iria ter três mil óbitos e duraria só quatro semanas. Daí veio a história da cloroquina e foi uma válvula de escape para ele [Bolsonaro]. Foi do tipo 'eu tiro e coloco isso no lugar'", completou.

No programa também foi debatido uma afirmação presente no livro de Mandetta: a de que no início da pandemia, Bolsonaro estava absolutamente convencido de que o coronavírus era uma conspiração e uma arma biológica chinesa para levar a esquerda de volta ao poder na América Latina. "Como é que você rebateu essa sandice?", questionou o apresentador Pedro Bial.

"Tem coisas que você não rebate. Você olha e fala: 'Até que se prove isso, vamos tratar dos fatos, vamos tratar da vida como ela é, vamos enfrentar o problema e depois a gente vê as teorias conspiratórias que são muito comuns'. A gente não deve embarcar nessas teorias", respondeu o ex-ministro.

Ao finalizar o assunto, Mandetta fez uma autocrítica sobre o seu desempenho como ministro da Saúde nessa história toda e revelou qual foi o seu maior arrependimento: "O meu grande erro foi não ter sido capaz de demonstrar para o presidente uma maneira mais convincente, que era a minha função, de demovê-lo daquele caminho e colocá-lo neste caminho para a gente andar [juntos]", disse.

Mandetta foi demitido por apoiar medidas de isolamento social, contrariando as orientações de Bolsonaro que sempre minimizou a pandemia de covid-19, que chegou a chamar de "gripezinha", e também porque não autorizou o uso da cloroquina em pacientes com a doença, outra exigência do Presidente brasileiro.

Até hoje não há comprovação científica de que a cloroquina, substância usada no tratamento de malária e lúpus, tenha eficácia contra o novo cornavírus.

Além de negar a gravidade do problema, ao longo da pandemia, o chefe de Estado brasileiro participou de protestos em apoio ao seu Governo, visitou lugares públicos provocando aglomerações e desrespeitou várias vezes decretos sobre o uso de máscaras, saindo e interagindo com apoiantes sem o equipamento de proteção.

Na semana passada, o Presidente brasileiro reiterou suas críticas ao isolamento social para evitar a proliferação do novo coronavirus, ao declarar que ficar em casa durante a pandemia é para "fracos".

Num evento realizado no estado de Mato Grosso, Bolsonaro deu os parabéns a um grupo de agricultores por "não terem entrado na conversinha mole" do isolamento social.

"Vocês não pararam durante a pandemia. Vocês não entraram na conversinha mole de ficar em casa. Isso é para os fracos", disse o chefe de Estado a produtores rurais e apoiantes.

Bolsonaro acabou contaminado em julho e recuperou da doença aparentemente sem problemas maiores.

O Ministério da Saúde brasileiro reporta, esta sexta-feira, mais 729 mortes associadas ao novo coronavírus, fixando o total acumulado em 140.537 óbitos desde o início da pandemia no país, foram confirmadas mais 31.911 pessoas diagnosticadas , o número total de casos confirmados no país, é agora de 4.689.613.


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