Brasil: Ministério do Ambiente "não atrapalha mais" os produtores, diz Bolsonaro
- Adeildo Velôso da Silva
- 17 de out. de 2020
- 3 min de leitura
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse hoje que os produtores não serão mais afetados pelo que classificou de "pacote de maldades" e garantiu que o seu Ministério do Meio Ambiente "não atrapalha mais a vida" do empresariado.

Acompanhado do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , o presidente visitou uma nova usina da Raízen na manhã desta sexta-feira (16). Ele disse ser "bem quisto pelo pessoal do campo" e comparou a fiscalização ambiental de seu governo com gestões passadas.
"O nosso Ministério do Meio Ambiente realmente não atrapalha mais a vida de vocês. Muito pelo contrário, ajuda-os e muito. Relembrem há algum tempo como" órgãos de fiscalização ambiental "tratavam vocês e como esse tratamento atualmente é dispensado", afirmou Bolsonaro durante a inauguração de uma central de biogás no interior de São Paulo, tendo sido aplaudido pela plateia, segundo a imprensa local.
A declaração vem em meio a críticas severas de organizações ambientais, de cientistas e da comunidade internacional em relação ao modo com que o governo federal vem lidando com o meio ambiente .
O chefe de Estado brasileiro voltou a fazer alusão à cimeira do G20, que reuniu líderes das 20 maiores economias do mundo no Japão, em 2019, quando rejeitou a proposta de aumento de reservas indígenas por parte "do Presidente de um grande país da Europa que quase sempre está na vanguarda" das críticas ao Brasil, sem se referir diretamente ao mandatário francês, Emmanuel Macron, com quem trocou acusações na ocasião.
"O Presidente de um grande país da Europa que quase sempre está na vanguarda para nos criticar, ele queria que nós ampliássemos de 12% para 20% a quantidade de áreas demarcadas como terras indígenas. Nenhuma reserva foi demarcada até ao momento e cada vez lutamos mais (...) para que o índio possa, se essa for a sua vontade, explorar o seu território da melhor maneira lhe que seja útil", disse.
"Acabou o tempo em que um chefe de Estado ia para fora e voltava para cá com um pacote de maldades, onde quem pagava a conta era, geralmente, o homem do campo", acrescentou Bolsonaro.
O ministro Ricardo Salles, cuja gestão é duramente criticada por ambientalistas, promoveu recentemente a exclusão de proteção ambiental dos mangues e da vegetação de parte das praias do Brasil.
O ano de 2020 foi o período com maior registro de queimadas da última década da Amazônia e da história do Pantanal. E mesmo assim os brigadistas do Ibama responsáveis por conter o fogo chegaram com quatro meses de atraso.
Ecologistas consideraram que as normas de conservação eliminadas por Salles atendem a pedidos do setor imobiliário, e da indústria de hotelaria e do agronegócio, interessados em explorar áreas cuja ocupação era proibida.
"Desde que está no cargo, Salles procura alterar as regras de proteção ambiental e beneficiar aqueles para os quais verdadeiramente governa -- os setores do agronegócio, imobiliário, turismo e indústria. Ele sabia que, para aprovar regulações contrárias ao interesse público e prejudiciais ao meio ambiente, um passo importante e fundamental seria excluir a sociedade civil e a ciência do debate", denunciou a organização não-governamental (ONG) Greenpeace Brasil, em comunicado, no início do mês.
A ONG acusou ainda o ministro de descaracterizar e esvaziar o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), um órgão consultivo e deliberativo que tinha um papel importante na construção de políticas públicas e na regulamentação das leis ambientais no Brasil.
O Ministério Público Federal (MPF) chegou a pedir o afastamento de Salles do ministério. Segundo os procuradores, o ministro promove um "desmonte" das estruturas de fiscalização e proteção ambiental. A justiça negou o pedido na última quarta-feira (14).
Em seu discurso em Guariba, Jair Bolsonaro também elogiou a relação entre seu governo e o Congresso Nacional.
"O Brasil vem mudando. Graças a Deus eu tive a oportunidade de ter a liberdade de escolher pessoas técnicas no meu ministério. E com a passagem do tempo, cada vez mais, o Poder Executivo interage com o Poder Legislativo, onde temos vários integrantes do mesmo aqui nos acompanhando. Com muito orgulho, eu cito o Baleia Rossi", declarou Bolsonaro, que estava vestido com uma camisa do XV de Piracicaba, time de futebol do interior paulista.
Além de Ricardo Salles e Baleia Rossi, acompanharam o presidente na visita os ministros Braga Neto (Casa Civil) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), os deputados federais Coronel Tadeu, Guiga Peixoto, Hélio Lopes e Vitor Hugo, e o deputado estadual Gil Diniz.
Comments