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Cancro gástrico: A importância de diagnosticar e tratar precocemente

"É mais frequente nos homens e está relacionado com estilo de vida, uma vez que a incidência desta doença nas populações que migram dos países mais afetados para os menos afetados, diminui ao fim da segunda e terceira geração", explica Joaquim Costa, cirurgião geral da CUF Oncologia - Hospital CUF Cascais e Hospital CUF Santarém.

O cancro gástrico  continua a ser uma das principais causas de  mortalidade a nível mundial. Representa o  sexto cancro  mais frequente na raça humana com uma incidência global de 11.1%, por 100 mil habitantes. Tem uma distribuição geográfica maioritariamente presente na Ásia e Europa Oriental (Japão e Coreia) e América do Sul (Venezuela e Chile), com menor incidência na América do Norte e alguns países Africanos.

É mais frequente nos homens e está relacionado com  estilo de vida, uma vez que a incidência desta doença nas populações que migram dos países mais afetados  para os  menos afetados, diminui ao fim da segunda e terceira geração.

Nas últimas décadas tem se constatado uma diminuição drástica no número de casos, que se pensa ficar a dever ao diagnóstico precoce, tratamento, e compreensão dos fatores que concorrem para o seu aparecimento. No entanto, o envelhecimento da população em países mais desenvolvidos assim como o aumento de casos em populações mais jovens (ainda difícil de explicar) fizeram estabilizar nos últimos anos o número total de casos.

Que tipo de cancro é este?

Classicamente e de uma maneira simplificada existem dois tipos  de cancro gástrico quando falamos  duma classificação histológica (células  gástricas de onde se originam) que são:

Tipo Intestinal - mais frequente em homens e numa população mais idosa e menos agressivo;

Tipo difuso ou infiltrativo - Igualmente frequente em homens e mulheres, mais jovens e, também,   mais agressivo e de pior prognóstico.

Quais os factores de risco para contrair a doença?

As causas dos cancro gástricos são multifatoriais, isso é, podem decorrer de várias situações, desde ambientais até genéticas.

-Haver uma história familiar de cancro gástrico;

-A existência nas paredes do estômago da Bactéria Helicobacter Pylori;

-Dietas ricas em sal, fritos ,carnes processadas, fumados, enchidos, alimentos curados (ricos num composto químico chamado nitrosamina. Pensa se que a refrigeração dos alimentos que praticamente eliminou outros tipos de preservação destes, diminuiu drasticamente  a doença;

-Dieta pobre em frutas e vegetais;

-Álcool;

-Tabaco;

-Obesidade;

-Sedentarismo;

-Status socioeconómico;

-Cirurgias gástricas anteriores por outras causas.

E quais os fatores de proteção?

-Dietas ricas em fruta , vegetais, antioxidantes, vitamina C;

-Hormonas femininas (causa de ser menos frequente na mulher);

-Exercício Físico.

Como reconhecer os sintomas?

Em geral, quando o tumor é pequeno ele é silencioso. E caso haja algum sinal, pode se confundir com outras manifestações benignas. Já em caso mais avançado, a depender da localização do tumor, como na parte do esôfago que liga o estômago, ou na região em que o estômago se liga ao intestino (o duodeno), podem ser notados sintomas de obstrução: náusea, vômitos, sensação de plenitude. Anemia, perda de apetite e de peso também podem ser observadas.

Como é feito o diagnóstico?

O especialista deve solicitar uma endoscopia digestiva. Esse exame se utiliza de um tubo flexível para visualizar as condições de aparelho digestivo. Quando os sintomas já existem há muito tempo, essa requisição é considerada obrigatória. Caso o resultado da endoscopia revele uma lesão, o exame seguinte é a biópsia (retirada de parte do tecido local para análise). Na maioria das vezes, é ela que define o diagnóstico. A etapa seguinte prevê a requisição de tomografia computadorizada. O objetivo é conhecer a extensão da enfermidade.

Como podemos estar alerta?

É fundamental diagnosticar a doença precocemente e passar a informação que todos podemos contribuir para isso.

Para além de evitar, tipos de dieta e estilos de vida de risco é igualmente importante estarmos atentos a sinais da doença dos quais os principais são a dor e o emagrecimento inexplicável. Recorrer regularmente ao médico assistente e principalmente se notarmos algum destes sintomas. No contexto atual, pandemia Covid-19, temos vindo a verificar um progressivo atraso no diagnóstico precoce  de todos os cancros e este não é exceção. É necessário estar alerta para os sintomas   e não atrasar a execução dos exames necessários. Saiba que nas unidades de saúde têm sido tomadas  e reforçadas medidas de segurança  na execução dos exames  e no tratamento  desta doença  durante estes tempos difíceis para todos.

O que motiva o sucesso do tratamento?

Na  verdade o diagnóstico precoce é muito importante para o sucesso do tratamento e isso a maior parte das vezes só se consegue com programas de rastreio -  o que não é o caso no nosso país. Daí ser tão importante.

A abordagem da doença, por equipas médicas multidisciplinares (oncologistas. radioterapistas, cirurgiões, gastroenterologistas) aumentou em muito o sucesso do tratamento. Tratamento este que também tem tido grandes progressos, o que tem permitido diminuir drasticamente a mortalidade, aumentado a sobrevida e melhorando o prognóstico da doença.

A possibilidade de tratar através de endoscopia (ressecção endoscópica)  a doença em fases muito precoces é uma realidade dos nossos dias. Também o recurso a tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia, antes ou depois da cirurgia, quando esta é indicada, tem melhorado muito a sobrevida e a qualidade de vida dos doentes a longo prazo. A própria cirurgia passou a ser feita em alguns centros, por acesso mini-invasivo laparoscópico (cirurgia dos furinhos) ou robótico, o que permite uma recuperação muito mais rápida  e retomar a atividade mais cedo. Outras abordagens terapêuticas da doença  como, anticorpos, vacinas, e outros  já deram e continuam a dar resultados muito promissores.

Tal como acontece na maioria dos tipos de cancro também o cancro gástrico continuará a ser alvo de maior investigação, tanto ao nível da sua prevenção como de tratamentos cada vez mais personalizados e menos invasivos.

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