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Colômbia: Farc pedem perdão as vítimas

A liderança da ex-guerrilha colombiana das FARC pediu publicamente perdão pelos milhares de sequestros que efectuou no país sul-americano e lamentou a "dor" e as "humilhações" infligidas às vítimas.

A ex-guerrilha e hoje partido político Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia(FARC) pediu perdão publicamente nesta segunda-feira (14) às milhares de pessoas que sequestrou e expressou arrependimento pela dor que causou.

A ex-organização rebelde mais poderosa da América, envolvida em conflitos de quase seis décadas, admitiu que o "sequestro feriu a legitimidade e credibilidade" do movimento armado contra o Estado colombiano. A Justiça de Paz da Colômbia investiga mais de 20 mil sequestros realizados pelos rebeldes que abandonaram as armas, de acordo com a agência France Presse.

Este foi o mais expressivo pedido de perdão feito pela ex-guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) desde a assinatura em 2016 de um acordo de paz com o Governo.

A antiga guerrilha marxista, fundada em 1964 e uma das mais poderosas da América Latina, reconheceu igualmente que "os sequestros (...) feriram de morte" a "legitimidade e a credibilidade" da sua rebelião armada contra o Estado colombiano.

"Este fardo (...) ainda pesa hoje na consciência e no coração de cada um de nós", acrescentou o comunicado.

"O sequestro foi um grave erro do qual não podemos fazer nada além de nos arrepender", disse a direcção do partido na mensagem de desculpa mais contundente que já enviou desde que a paz foi decretada em 2016.

A ex-guerrilha responde por atrocidades no tribunal criado após os acordos de paz que permitiram a desmobilização de cerca de 13 mil rebeldes, incluindo 7 mil combatentes.

Na mensagem, o partido Farc garante entender a dor que causou a "tantas famílias" e citou o caso de Andrés Felipe Pérez, uma criança de 12 anos que morreu de câncer em 2001 enquanto seu pai, um cabo da polícia, estava no poder dos rebeldes. O pai acabou assassinado em cativeiro.

"Sentimos como uma facada no coração a vergonha que nos produz não ter escutado o clamor de Andrés Felipe Pérez. Não podemos devolver o tempo perdido para evitar a dor e as humilhações que causamos a todos os sequestrados", diz o partido.

A Justiça Especial para a Paz (JEP) investiga mais de 20.000 raptos perpetrados pelas FARC, designadamente centenas de polícias, e personalidades políticas como a franco-colombiana Ingrid Betancourt, que permaneceu seis anos em cativeiro antes de ser libertada em 2008 durante uma operação militar.

A antiga rebelião deve também responder pelo recrutamento de milhares de crianças e adolescentes no decurso de mais de meio século de conflito armado.

Os principais chefes da ex-guerrilha comprometeram-se em confessar os seus crimes perante a JEP e a indemnizar as vítimas e suas famílias, em troca de penas alternativas à prisão. Caso não cumpram este compromisso, deverão comparecer perante a justiça comum.

Segundo os números oficiais, o complexo conflito armado na Colômbia provocou mais de nove milhões de vítimas (mortos, desaparecidos e deslocados internos).

A dissolução da guerrilha das FARC diminuiu o nível de violência na Colômbia, mas grupos armados, incluindo com ligações à extrema-direita, continuam activos em zonas recuadas do país, alimentadas principalmente pelos recursos extraídos do narcotráfico.

Um relatório nas Nações Unidas divulgado no final de 2019 indicou que nesse ano foram mortos na Colômbia 77 antigos combatentes das FARC, no ano "mais mortífero" para os ex-guerrilheiros desde a assinatura do acordo de paz de 2016.

Em maio de 2020, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) revelou que nos quatro meses deste ano foram assassinados na Colômbia pelo menos 100 ativistas e líderes sociais.

O país permanece ainda confrontado com as acções armadas do Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha activa, para além dos narcotraficantes e de formações paramilitares.

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