Colômbia: Noite de protestos após homem morrer pelo taser da polícia
- Adeildo Velôso da Silva
- 11 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Um homem morreu na Colômbia depois de dois agentes terem usado uma arma de choques eléctricos para o imobilizar. O caso de alegada violência policial gerou uma onda de protestos no país.
O advogado, de 46 anos, foi imobilizado no chão por dois agentes e sujeito a repetidos choques elétricos, um incidente filmado por testemunhas que causou indignação no país.
O homem acabaria por morrer horas depois de ser transportado para um hospital.
Um vídeo de quase dois minutos mostra dois agentes da polícia colombiana administrarem choques elétricos ao advogado Javier Ordoñez, enquanto este implora "por favor" e "agentes, peço-vos", com testemunhas da cena a pedirem também à polícia que pare.
Os protestos começaram no posto onde trabalham os dois polícias envolvidos na morte e espalharam-se a vários locais em Bogotá e a outras cidades do país, com relatos de esquadras incendiadas pelos manifestantes, segundo a agência de notícias espanhola Efe.

Manifestações contra a violência policial em Bogotá terminaram em uma noite de raiva e de violência, com sete mortes, centenas de feridos e dezenas de delegacias vandalizadas. Os protestos na quarta-feira (09) começaram em reacção à morte de um advogado, após uma ação policial. A cena do advogado no chão recebendo choques de taser de policiais enquanto implorava que parassem foi filmada e publicada nas redes sociais.
"Ele não morreu, eles o mataram." "50.000 volts de brutalidade policial e abuso." Estas eram algumas das frases entoadas durante os protestos em Bogotá, em Medellín, em Cali e outras cidades colombianas pela morte de Javier Ordoñez, advogado de 44 anos, vítima de violência e abusos policiais.
A polícia tentou dispersar a multidão com bombas de gás lacrimogéneo, mas os protestos se espalharam por outras áreas de Bogotá.
Ao menos três pessoas, incluindo um menor de 17 anos, foram baleadas e morreram, informou a polícia nesta quinta-feira (10). Segundo o governo, 56 delegacias de polícia foram "vandalizadas" e 70 pessoas foram presas por "violência contra a polícia".
“Estamos perante uma ação massiva de violência”, afirmou o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo.
No Twitter, a prefeita de Bogotá, Claudia Lopez, relatou 362 feridos na capital: 248 civis e 114 policiais. Entre os “feridos”, 58 foram baleados, disse um vereador, que denunciou o “uso indiscriminado de armas de fogo” pela polícia.
"Este caso também mostra que o uso de armas não letais pode causar a morte de pessoas e como, apesar de a pessoa estar totalmente submetida e não haver necessidade de uso de força, a polícia a usa em excesso”, considera Lanz.
Para o advogado, a polícia ataca sistematicamente a população e a violência policial é um problema estrutural da força pública e não fruto da actuação de algumas “maçãs podres” dentro da instituição. Por isso, ele considera importante e necessário que as pessoas denunciem esta violência à justiça.
Mas aí surge um dos eixos estruturais do problema. O juiz encarregado de julgar a polícia faz parte do Ministério da Defesa, já que é da justiça criminal militar. O mesmo ministério responde pelos policiais.
“O fato da justiça para a força pública estar dentro do Ministério da Defesa e não na justiça criminal comum é uma das partes essenciais do problema, porque viola o princípio democrático da separação de poderes”, diz o advogado.
No final de Fevereiro, a ONU (Organização das Nações Unidas) tinha feito um alerta para os abusos e homicídios cometidos pelas forças oficiais de segurança no país.
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