Coreia do Norte: Kim Jong-Un chora e pede desculpas ao povo
- Adeildo Velôso da Silva
- 14 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Líder norte-coreano lamenta não ter sido capaz de "livrar o povo das dificuldades nas suas vidas", no mesmo evento em que Pyongyang apresentou novo míssil balístico intercontinental.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, demonstrou raro momento de emoção ao dizer que falhou durante seu discurso que marcou o 75º aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores, que governa o país.
Vestido com terno cinza e gravata, Kim ficou com a voz sufocada e teve que tirar os óculos ao agradecer às tropas por seu sacrifício em resposta a desastres naturais e prevenção do surto de coronavírus, de acordo com o vídeo transmitido pela televisão estatal KRT, no último domingo (11).
"Nosso povo depositou confiança em mim, tão alta quanto o céu e tão profundo quanto o mar, mas não consegui sempre viver de acordo com isso de forma satisfatória", disse Kim, em um ponto parecendo sufocar. "Eu realmente sinto muito por isso."
"Para lá da sua mensagem, podemos ver que Kim está a sentir muita pressão na sua liderança", disse o diretor da divisão da Coreia do Norte no Instituto Coreano para a Unificação Nacional, Hong Min, ao jornal sul-coreano.
"Durante o discurso, usou palavras como 'desafios graves', 'inúmeras provações' ou 'desastres sem precedentes na história'. Isto mostra que ele está a ter grandes dificuldades a governar e sente-se pressionado pelas preocupações de que o seu povo possa ficar chateado ou ser influenciado por esse tipo de dificuldades. Por isso é que deu grande ênfase ao povo no seu discurso", acrescentou, indicando que no fim do discurso Kim Jong-un pediu ao povo que continuasse a apoiá-lo.
Outros analistas dizem que queria mostrar "humanidade e profundidade de sentimentos" para as audiências internacionais, em vez de se limitar a ler o discurso de forma mecânica. Apesar disso, mostrou na parada militar noturna, inédita, um novo míssil balístico intercontinental.
No vídeo, norte-coreanos em uniformes militares e trajes tradicionais coreanos derramaram lágrimas enquanto ouviam o discurso de quase meia hora.
Kim não fez nenhuma menção direta aos Estados Unidos ou às negociações de desnuclearização agora paralisadas. Ele culpou sanções internacionais, tufões e o coronavírus por impedi-lo de cumprir as promessas de progresso econômico.
"Nosso povo sempre foi grato ao nosso partido, mas ninguém menos que eles próprios merecem uma reverência de gratidão", disse o norte-coreano.
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