Covid-19: Fatal para uns, leve para outros. O papel das células T
- Adeildo Velôso da Silva
- 9 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Cientistas de todo o mundo procuram desenvolver vacinas e terapias para a Covid-19, mas muitos ainda se perguntam por que razão a doença se mostra mortal em algumas pessoas e leve em outras. Um novo estudo, publicado esta terça-feira (6) na revista Cell, oferece algumas pistas.

A investigação, liderada por cientistas do Instituto La Jolla de Imunologia, nos Estados Unidos, das universidades de Liverpool e de Southampton, ambas no Reino Unido, sugere que no início da doença os pacientes hospitalizados com casos graves desenvolvem um subconjunto de células T que pode matar as células B e reduzir a produção de anticorpos.
Para poder fazer esta afirmação, foi utilizada uma técnica de sequenciamento de RNA de célula única (RNA-seq).
Os investigadores estudaram amostras de 40 pacientes com o novo coronavírus. Desses, 22 foram hospitalizados e 18 apresentaram sintomas mais leves. Os cientistas usaram o RNA-seq para analisar os tipos de células que respondiam ao SARS-CoV-2.
Note que os vários tipos de célula T têm um papel no combate aos vírus. Por um lado, as T CD4+ alertam o corpo sobre a infeção e recrutam outras células do sistema imunitário. As células TFH sinalizam as células B para produzir anticorpos. Por fim, as Tregs inibem outras células T, evitando que o sistema imunológico danifique os próprios tecidos do corpo.
No estudo, os pacientes hospitalizados revelaram níveis mais altos de células TFH o que pode piorar uma infeção, pois, em vez de fazerem o seu trabalho e ajudar as células B a produzir anticorpos, estavam a matá-las.
A equipa espera que este estudo seja um ponto de partida para que a comunidade científica explore as respostas das células T ao SARS-CoV-2.
O que são as células T? Os linfócitos T reguladores (Treg) são um subtipo de linfócitos naturais do corpo humano. A principal atividade deles é identificar invasores do sistema, para aniquilá-los, e células doentes, para impedir seu desenvolvimento. Apesar de já serem presentes no organismo, as células T são altamente específicas e cada um de seus tipos pode combater uma doença diferente. A surpresa foi que, observando amostras de sangue coletadas antes mesmo da pandemia, percebeu-se que Tregs que poderiam combater o coronavírus já estavam presentes em algumas amostras, o que explicaria por que há pessoas que parecem menos suscetíveis a contaminações. Uso das células T contra o coronavírus Como esses linfócitos estimulam a memória de longo prazo do sistema e podem ficar no sangue durante muito tempo, eles podem ser a chave para o desenvolvimento de um sistema imunológico cada vez mais duradouro e eficiente no combate ao coronavírus, diferentemente dos casos nos quais os anticorpos sumiram depois de pequenos períodos.
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