Fumo dos incêndios dos EUA já chega a Europa
- Adeildo Velôso da Silva
- 18 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Os incêndios que devastam há várias semanas a costa oeste dos Estados Unidos são tão intensos que o fumo já alcançou a Europa, revelou na quarta-feira um responsável pelo Programa Europeu de Observação da Terra 'Copernicu'.

Equipes de bombeiros da Costa Oeste dos Estados Unidos enfrentavam nesta quarta-feira incêndios florestais letais que obrigaram milhares de pessoas a sair de casa e encontrar abrigos temporários, enquanto cientistas da Europa rastreavam a fumaça que se espalha em escala intercontinental.
Desde que começou as suas observações por satélite, em 2003, o serviço europeu nunca tinha registado dados com a magnitude destes fogos "sem precedentes", que são, de acordo com a organização, "centenas de vezes mais intensos" do que a média.
Os incêndios já libertaram para a atmosfera quantidades de carbono sem precedentes e o fumo, particularmente denso, atravessou todo o país e o Atlântico.
"O facto de estes fogos emitirem tanta poluição para a atmosfera que podemos observar finas camadas de fumo a 8.000 quilómetros de distância reflecte o quanto são devastadores em tamanho e duração", disse o cientista do Serviço de Monitorização da Atmosfera Copernicus, Mark Parrington.
A maioria dos incêndios ocorre na Califórnia, onde, segundo a instituição, mais de 17.000 bombeiros estavam lutando contra 25 grandes incêndios e complexos de incêndio, o termo usado para descrever múltiplos incêndios em uma área.
"Sem precipitação significativa à vista, a Califórnia permanece seca e propícia para incêndios florestais", disse a agência estadual de combate a incêndios Cal Fire, acrescentando que um clima mais quente é esperado neste fim de semana, o que traz um "elevado risco de incêndio".
Nas proximidades de Los Angeles, as chamas do Bobcat Fire cercaram um observatório histórico na terça-feira, mas as equipes conseguiram proteger a estrutura.
"Embora ainda haja muito trabalho a ser feito no sudoeste e nas partes do incêndio no norte, seus bombeiros fizeram um trabalho incrível em torno do Monte Wilson hoje", tuitou o Serviço Florestal dos EUA, referindo-se ao local do observatório.
Além da Califórnia, onde mais de 30 pessoas morreram, os estados costeiros de Oregon e Washington também passaram por incêndios recordes que invadiram grandes centros populacionais.
O desastre trouxe a questão do aquecimento global para o primeiro plano na campanha para a eleição presidencial dos Estados Unidos, que será realizada em menos de dois meses. Historicamente, tem sido difícil provar uma ligação entre eventos climáticos extremos específicos e as mudanças climáticas.
No entanto, há evidências crescentes de que incêndios como esses não seriam tão intensos e generalizados sem o aquecimento que a humanidade causou na Terra durante a era industrial. Em geral, as mudanças climáticas têm demonstrado amplificar as secas, criando condições ideais para que as florestas queimem.
O impacto económico dos incêndios deste ano deve ser impressionante. Um especialista estima o dano em mais de 20 bilhões de dólares.
As autoridades também alertaram que os incêndios podem piorar a pandemia do coronavírus, pois as pessoas forçadas a desocupar suas casas procuram abrigo em acomodações compartilhadas. Além disso, a inalação de fumaça e cinzas pode enfraquecer ainda mais os pulmões de pessoas infectadas com o vírus e prejudicar o sistema imunológico.
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