Líderes do G20 defendem sistema de acesso universal às vacinas
- Adeildo Velôso da Silva
- 22 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Vários líderes mundiais reiteraram hoje o apelo em defesa de um sistema que garanta o acesso universal às vacinas contra a covid-19, no primeiro dia da cimeira do G20, cujo final está agendado para este domingo.

Líderes dos países integrantes do G20 vão divulgar comunicado em que pedem a distribuição justa dos tratamentos, dos testes e das vacinas contra o novo coronavírus. A declaração está no esboço de um comunicado que deverá ser divulgado neste domingo (22), segundo a agência Reuters.
"Não vamos poupar esforços para assegurar acesso equânime e econômico para todas as pessoas", diz o texto base do comunicado do G20, que defende a vacinação como método para erradicar a pandemia da Covid-19.
Diferentemente de outras edições, a pandemia impediu que o encontro do G20 deste ano ocorresse presencialmente com todos os eventos tradicionais. A organização ficou a cargo da Arábia Saudita, mas sem as viagens dos chefes de governo. Além disso, a fotografia com todos os líderes foi feita de maneira diferente em relação aos outros anos: uma projeção virtual.
"Temos de garantir o acesso à escala planetária e evitar a todo o custo o cenário de um mundo a duas velocidades", afirmou o Presidente francês, Emmanuel Macron, numa intervenção pré-gravada num evento paralelo da primeira reunião dos chefes de Estado e de governo do G20, que se realiza telematicamente face às restrições impostas pela pandemia.
Apesar de enaltecer o COVAX, o instrumento internacional lançado para assegurar o acesso justo e equitativo às vacinas em desenvolvimento para a covid-19, Macron vincou que "são necessárias mais contribuições" e propôs a criação de um mecanismo para doações destes fármacos dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento.
Por sua vez, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, considerou que, "para superar a pandemia, cada país tem de ter acesso e poder aceder à vacina", alertando que os fundos angariados até agora no âmbito do sistema COVAX "não são suficientes para alcançar este objetivo" e apelando ao apoio dos restantes líderes dos países presentes na cimeira.
Também o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, defendeu que o acesso aos tratamentos e às vacinas deve ser um direito de todas as populações. "Para Itália, estes são bens públicos para todos e não o privilégio de uns poucos", disse, sendo secundado pelo chefe de governo do Reino Unido, Boris Johnson, que sublinhou o compromisso do país no acesso universal às vacinas e no apoio ao sistema COVAX.
Já o Presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou que "a cooperação e a solidariedade são os dois elementos-chave na luta contra a pandemia" e que a distribuição equitativa das vacinas "é uma tarefa coletiva para a comunidade internacional que exige a assinatura de um grande pacto de solidariedade global".
Na mesma linha, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, enviou uma mensagem gravada para o evento, na qual referiu que "a cooperação no seio do G20 é fundamental para ultrapassar a pandemia e regressar ao caminho da recuperação social e económica". Ato contínuo, fez questão de dizer que o tempo lhe deu razão, quando afirmou que era preciso "cuidar da saúde do povo e da economia ao mesmo tempo" face à emergência do novo coronavírus.
"Devemos oferecer as vacinas que estão a ser desenvolvidas como património comum da humanidade, em vez de aprofundar as injustiças existentes", declarou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, durante o seu discurso na reunião virtual de líderes, que advogou a urgência de mecanismos de garantia de "equidade e preços adequados" para as vacinas.
Com estatuto de convidada permanente, Espanha fez-se representar pelo presidente do Governo, Pedro Sánchez, que lembrou aos outros chefes de Estado e de governo que "não estaremos a salvo até que todos estejam a salvo".
Por outro lado, não foi possível ouvir o Presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump, uma vez que o discurso não foi aberto à comunicação social. Segundo a EFE, Trump fez uma breve aparição no início da cimeira virtual do G20 e depois foi jogar golfe, enquanto os seus homólogos de outros países discutiram medidas contra a pandemia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse aos líderes do G20 neste sábado que a Rússia estava pronta para fornecer sua vacina contra o coronavírus Sputnik V a outros países que dela precisassem. A Rússia também está preparando sua segunda e terceira vacinas, afirmou Putin, acrescentando que a criação de um portfólio de vacinas é "nosso objetivo comum".
Em comunicado de 11 de Novembro, a Rússia disse que a vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya contra a Covid-19, é 92% eficaz, segundo dados preliminares de estudos de fase 3 conduzidos no país. Os resultados ainda não foram revisados por outros cientistas, etapa que é necessária para que sejam publicados em revista científica.
A eficácia foi calculada com base em 20 casos confirmados de Covid, que ocorreram tanto em voluntários que tomaram a primeira dose da vacina quanto naqueles que receberam o placebo (substância inativa). Os estudos, conduzidos na Rússia, têm 40 mil voluntários.
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