Nagorno-Karabakh: 28 combatentes sírios pró-turcos mortos em combate
- Adeildo Velôso da Silva
- 3 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Pelo menos 28 combatentes sírios pró-turcos foram mortos nos combates que opõem há uma semana separatistas arménios ao exército azeri, apoiado por Ancara, na região do Nagorno-Karabakh, segundo a organização não-governamental Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Estes combatentes, que pertencem a grupos rebeldes sírios fiéis a Ancara estacionados designadamente no norte da província síria de Alepo, incluem-se entre os 850 enviados pela Turquia para se juntarem às forças do Azerbaijão, declarou hoje à agência noticiosa AFP Rami Abdel Rahmane, diretor da OSDH.
A AFP confirmou hoje da morte de três destes combatentes através das suas famílias, que já foram informadas.
Desde o início das hostilidades que a Arménia acusa a Turquia de enviar "mercenários" sírios para esta zona disputada, e que Ancara desmente.
Em paralelo, o Presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro arménio Nikol Pashinyan manifestaram por telefone a sua "séria preocupação" pela suposta presença de combatentes pró-turcos do Médio Oriente no Nagorno-Karabakh.
Putin e Pashinyan "exprimiram a sua séria preocupação sobre as informações recebidas relacionadas com o envolvimento de grupos armados ilegais do Médio Oriente" no conflito do Nagorno-Karabakh, indicou o Kremlin em comunicado, no sexto dia de violentos combates na região separatista.
"Trata-se de desinformação", reagiu o conselheiro da Presidência azeri, M. Hajiyev.
"O Azerbaijão não necessita de combatentes estrangeiros porque possuímos forças armadas profissionais e ainda um número suficiente de reservistas", acrescentou.
Os dois campos têm ignorado os múltiplos apelos internacionais emitidos desde domingo para o fim das hostilidades.
De acordo com balanços parciais divulgados desde domingo, foram mortas 190 pessoas, onde se incluem 158 separatistas arménios. Baku não comunica as suas perdas militares.
No centro das deterioradas relações entre Erevan e Baku encontra-se a região do Nagorno-Karabakh, no Cáucaso do Sul onde há interesses divergentes de diversas potências, em particular da Turquia, da Rússia, do Irão e de países ocidentais.
Este território, de maioria arménia cristã, integrado em 1921 no Azerbaijão muçulmano pelas autoridades soviéticas, proclamou unilateralmente a independência em 1991, com o apoio da Arménia.
Na sequência da uma guerra que provocou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e EUA), constituído no seio da OSCE, mas as escaramuças armadas permaneceram frequentes.
Em julho deste ano, os dois países e ex-repúblicas soviéticas envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Os combates recentes mais significativos remontam Abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu novamente hoje o "fim imediato das hostilidades" em Nagorno-Karabakh, onde os combates se têm multiplicado entre as forças do Azerbaijão e os separatistas pró-arménios.
Em comunicado de imprensa, Guterres lamenta "profundamente que as partes continuem as operações militares apesar dos fortes e repetidos apelos da comunidade internacional para o cessar-fogo".
"Não há solução militar para este conflito. A continuação das hostilidades apenas aumentará o sofrimento humano. O diálogo é a única forma de alcançar uma resolução duradoura do conflito", prosseguiu.
O secretário-geral da ONU "apela a todas as partes que respeitem os direitos humanos e o direito internacional" e "lembra aos líderes de ambas as partes que os civis e as infraestruturas civis devem ser protegidos em todos os momentos", concluiu na nota.
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